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sexta-feira, 13 de julho de 2012

INFORMAÇÃO E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO


            O uso da informação como recurso estratégico é um grande diferencial para o sucesso das organizações, só que a correta utilização da informação neste sentido vai depender do modelo de gestão adotado. Diante da infinidade de enfoques dados ao conceito de informação percebemos que o que melhor se encaixa no tema abordado é o que Davenport e Prusak apresentam no livro Ecologia da Informação, mostrando a sua relação e distinção com o dado e o conhecimento:

Tabela 1.1 – Dados, informação e conhecimento
Dados
Informação
Conhecimento
Simples observações sobre o estado do mundo
Facilmente estruturado
• Facilmente obtido por máquinas
• Freqüentemente quantificado
• Facilmente transferível
Dados dotados de relevância e propósito
• Requer unidade de análise
• Exige consenso em relação ao significado
• Exige necessariamente a mediação humana
Informação valiosa da mente humana
Inclui reflexão, síntese, contexto
• De difícil estruturação
• De difícil captura em máquinas
• Freqüentemente tácito
• De difícil transferência
Fonte: DAVENPORT e PRUSAK, 1998, p. 18

            Sobre o uso adequado da informação como instrumento de gestão, Leitão (1993, p. 118) destaca a importância de se dispor sempre de informação atualizada e da existência de mecanismos que a façam chegar rapidamente ao conhecimento dos gerentes. Nesta conhecida sociedade da informação.
           
Estamos imersos hoje, ao menos segundo alguns sociólogos, em uma “sociedade do conhecimento” ou “sociedade da informação”, dominada por especialistas e seus métodos científicos. Segundo alguns economistas, vivemos em uma “economia da informação”, caracterizada pela expansão das atividades relacionadas com a produção e a difusão do conhecimento. [...](BURKE, 2002 apud KOBASHI e TÁLAMO, 2003, p. 10).

            Há muito as empresas perceberam que com o aumento da competitividade é preciso planejar para não fracassar. O planejamento associado à administração pode ser sinteticamente definido como a antecipação dos cenários de atuação e o estabelecimento dos correspondentes objetivos organizacionais.
            Nas organizações vamos ter três tipos de planejamento, de acordo com os níveis hierárquicos: planejamento estratégico, planejamento tático e planejamento operacional. Estes vão distinguir entre si de acordo com o prazo para aplicação, abrangência das atividades e responsabilidade dos níveis hierárquicos, mas devem ser realizados de maneira integrada.
Figura 1.1-Níveis de decisão e tipos de planejamento
Fonte: OLIVEIRA, 2002, p.45[1]
No caso desse estudo, vamos nos ater ao planejamento estratégico, seus principais elementos e ferramentas para implantação. Planejar estrategicamente é planejar para atingir o objetivo, baseado em não apenas uma alternativa, mas em várias de forma flexível, pensando e repensando o rumo a que cada alternativa pode nos levar, e visando sempre qual delas nos trará o êxito da melhor forma, prática e com economia de recursos, sem prejudicar a eficiência.
Alguns conceitos de planejamento estratégico:

Tabela 1.2 – Conceitos de planejamento estratégico
STONER E FREEMAN, 1994, p. 136 (apud ATAMANCZUK e KOVALESKI, 2008).
É o processo de estabelecer objetivos e as linhas de ação adequada para alcançá-los. Estes objetivos podem ser quantitativos ou qualitativos e envolverem diversos fatores em sua formulação como a cultura organizacional.
OLIVEIRA (2002, p. 48)
É o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada.
MAXIMIANO, 2004 (apud ATAMANCZUK e KOVALESKI, 2008).
É um processo que define os objetivos organizacionais que a empresa deve alcançar e facilita a escolha dos melhores caminhos para atingi-los. Deve envolver todas as áreas da organização e pode ser subdividido em estratégias operacionais para facilitar sua aplicabilidade.

            Tanto para Stoner e Freeman, como para Maximiano o planejamento estratégico é um processo que visa à definição de objetivos. Stoner e Freeman destacam os diversos fatores envolvidos nos objetivos. Ambas as definições falam em linhas de ação, ou escolhas dos melhores caminhos para atingir os objetivos, e Maximiano frisa que deve haver o envolvimento de todas as áreas da organização. Já Oliveira define o planejamento estratégico como um processo administrativo que estabelecerá o método para definir a melhor direção incluindo interação com o ambiente e atuação inovadora e diferenciada.
            Vejamos agora alguns passos necessários para a elaboração de um planejamento estratégico:
            De acordo com Oliveira, (2002, p.68) podemos dividir o planejamento estratégico em quatro fases distintas: Diagnóstico estratégico, missão da empresa, instrumentos prescritivos e quantitativos e Controle e avaliação.
            Diagnóstico estratégico é nesta fase que estabelecemos a visão da empresa e realizamos as análises interna e externa do ambiente, bem como a análise dos concorrentes. “É aqui que a organização vai se municiar de informação para o seu direcionamento estratégico, através da análise e do monitoramento de seus ambientes interno e externo”. (ANDION e FAVA, s/d., p. 28). “Podemos conceituar a visão como sendo um modelo mental de um estado futuro altamente desejável, compartilhado pelos dirigentes e colaboradores da organização.” (COSTA, 2006, p. 33)
            Ambiente é tudo aquilo que interfere nos negócios da empresa e que a empresa não tem ação sobre esta coisa. Através da análise do ambiente da organização é que vamos identificar as oportunidades e ameaças, os pontos fortes que devem ser aproveitados e os pontos fracos com os quais se deve tomar cuidado.
            Sobre a informação extraída da análise dos ambientes e o seu uso na formulação de estratégias, encontramos um conceito em Miranda (1999, p. 87) que diz: “informação estratégica é a informação obtida do monitoramento estratégico que subsidia a formulação de estratégias pelos tomadores de decisão nos níveis gerenciais da organização.”

Figura 1.2- Gerenciamento da informação
Fonte: McGEE, J., PRUSAK, L. 1994[2]

As tarefas do gerenciamento da informação são: Identificação de Necessidades e Requisitos de Informação, Classificação e Armazenamento de Informação/Tratamento e Apresentação de Informação e Desenvolvimento de produtos e Serviços de Informação. Distribuição e Disseminação da Informação e para finalizar a Análise e Uso da Informação.
Os autores identificaram alguns estilos de Gerência da Informação e para isso utilizaram uma metáfora política representando cinco estados: Utopia tecnocrática – valorização de novas tecnologias, Anarquia – ausência da gerência da informação, Feudalismo – gerenciamento por unidades de negócios, Monarquia – organização feita pelos líderes e o Federalismo – baseada no consenso e na negociação.
            A realização do diagnóstico estratégico deve retratar bem a análise dos ambientes, pois tomando como base as informações coletadas é que vamos ao estabelecimento da missão da empresa. Para isso é preciso refletir sobre a missão da empresa, pensar para que serve a empresa? De acordo com Oliveira, (2005, p.91) “a missão é a determinação do motivo central do planejamento estratégico, ou seja, a determinação de “onde a empresa quer ir” e de sua “razão de ser.” Corresponde a um horizonte dentro do qual a empresa atua ou poderá atuar.”. É nesta fase também que teremos o estabelecimento dos propósitos atuais e potenciais, a estruturação e debates de cenários, o estabelecimento da postura estratégica e das macroestratégicas e macropolíticas.
            A fase seguinte ao estabelecimento da missão é a definição dos instrumentos prescritivos e quantitativos, nesta é feita a análise básica de “como chegar na situação que se deseja” através do estabelecimento de objetivos, desafios e metas, de estratégias e políticas funcionais, e dos projetos e planos de ação. Objetivo – é o alvo ou situação que se pretende atingir. Aqui se determina para onde a empresa deve dirigir seus esforços. Devem ser poucos e bem definidos. E a Meta – corresponde aos passos ou etapas, perfeitamente quantificados e com prazos para alcançar os desafios e objetivos, é a quantificação do objetivo.
            A quarta e última fase são o Controle e avaliação envolve processos de: Avaliação de desempenho; Comparação do desempenho real com os objetivos, desafios, metas e projetos estabelecidos; Análise dos desvios dos objetivos, desafios, metas e projetos estabelecidos; e Tomada de ação corretiva provocada pelas análises efetuadas.

O Ciclo PDCA foi desenvolvido na década de 20, por Walter A. Shewart, sendo difundido posteriormente por Deming. É uma ferramenta que auxilia o controle do processo, podendo ser usado de forma contínua para o gerenciamento das atividades de uma organização. Compõe-se de quatro fases: Planejar, Executar, Verificar e Atuar corretivamente, Embora antigo, ainda é bastante atual e extremamente útil, desde que adaptado a nova realidade”. (JUSTUS, s/d., p.5)

Figura 1.3- Ciclo PDCA

            Vamos agora apresentar algumas ferramentas que podem ser utilizadas para a implantação do Planejamento estratégico:O Balanced Scorecard e o Planejamento ágil:

            O balanced scorecard é um instrumento de gestão organizacional, capaz de Fornecer um referencial de análise da estratégia orientada para a criação de valor de futuro, estruturado segundo quatro diferentes perspectivas (KAPLAN e NORTON, 2000 apud BERGUE, 2005): Financeira, Cliente, Processo de negócio internos, e Aprendizado e crescimento das pessoas. E essas quatro perspectivas são relacionadas entre si a partir da estratégia organizacional.

Figura 1.4- Perspectivas do Balanced Scorecard
Fonte: Wikipédia, 2007

REFERÊNCIAS
ANDION, M. C., FAVA, R. Planejamento estratégico. Coleção Gestão Empresarial. Disponível em: <http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/empresarial/3.pdf>. Acesso em: 01/09/2011.
ARÁUJO, W. J. de. A segurança do conhecimento nas práticas da gestão da segurança da informação e da gestão do conhecimento. Brasília: UnB, 2009. (Tese de doutorado)
ATAMANCZUK, J. M., KOVALESKI, J. L. Metodologia para planejamento estratégico na pequena empresa: um estudo de caso. 2008. Disponível em: < http://www.pg.utfpr.edu.br/ppgep/anais/artigos/eng_producao/4%20METODOLO%20PARA%20PLANEJ%20ESTRAT%20PEQUE%20EMPRESA%20UM%20ESTU%20CASO.pdf>. Acesso em: 09/09/2011.
BERGUE, Sandro Trescastro. Gestão estratégica de pessoas e balanced scorecard em organizações públicas. Revista do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, v. 22, n. 38, p. 84-105, jul./dez. 2005
COHEN, M. F. Alguns aspectos do uso da informação na economia da informação. Ci. Inf. Brasília, v.31, n. 3, p. 26-36, set./dez. 2002.
COSTA, E. A. da. Gestão estratégica. São Paulo: Saraiva, 2006.
DAVENPORT, T. H., PRUSAK, L. Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 1998.
JUSTUS, W. Planejamento estratégico ou gestão estratégica? Disponível em: < http://www.sagres.org.br/biblioteca/plangest.pdf>. Acesso em: 08/09/2011.
KOBASHI, N. Y., TÁLAMO, M. F. G. M. Informação: fenômeno e objeto de estudo da sociedade contemporânea. Transinformação. Campinas 15(Edição especial): 7-21, set./dez., 2003.
LEITÃO, D. M. A informação como insumo estratégico. Ci. Inf. Brasília, 22(2): 118-123, maio/ago. 1993.
MCGEE, J., PRUSAK, L. Gerenciamento estratégico da informação: aumente a competitividade e a eficiência de sua empresa utilizando a informação como uma ferramenta estratégica. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
MIRANDA, R. C. da R., O uso da informação na formulação de ações estratégicas pelas empresas. Ci. Inf. Brasília, v. 28, n. 3, p. 286-292, set./dez. 1999.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Estratégia empresarial e vantagem competitiva: como estabelecer, implementar e avaliar. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005. 450 p. il. ISBN 8522440840

__________. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 337 p. il. ISBN 8522431167.

SOARES, S. T. Planejamento estratégico da informação da Escola Técnica Federal de Pelotas, 1999. Disponível em: http://www.ufpel.edu.br/prg/sisbi/bibct/acervo/info/1999/mono-Sandra.pdf. Acesso em: 12/09/11.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O PLANEJAMENTO ATRAVÉS DOS SISTEMAS ESTRATÉGICOS DE INFORMAÇÃO (contribuição)

Josivan de Oliveira Ferreira

As organizações para terem sucesso e sobreviverem ao longo do tempo precisam enfrentar várias forças competitivas. Muitas dessas forças estão relacionadas a vários fatores como: a rivalidade dos concorrentes, a ameaça de substitutos e o poder de negociação dos clientes e fornecedores.


Figura 1 – Principais forças competitivas – Fonte própria.

No entanto, a fim de adotar medidas para superar estes desafios, as empresas relacionam suas ações com algumas estratégias básicas de competição. Nesse caso, segundo O’BRIEN (2004, p. 41, 42), temos alguns exemplos dessas ações estratégicas como: o planejamento para obter um baixo custo nos bens e serviços oferecidos; as ações voltadas para se ter uma diferenciação no segmento; a implantação de medidas para se obter um produto inovador; as decisões ligadas à expansão em novos mercados; e o estabelecimento de alianças com concorrentes, fornecedores e clientes.

Objetivando apoio às metas competitivas, as empresas usam Sistemas Estratégicos de Informação (SEI) que segundo LAUDON & LAUDON (2004, p. 90), “alteram metas, operações, produtos ou relacionamentos com o ambiente das organizações, para ajudá-las a conquistar uma vantagem sobre os concorrentes.” Estes sistemas podem ser usados em todos os níveis organizacionais, atingindo um amplo alcance e criando raízes muito mais profundas do que os outros. Além do mais, não existe um sistema estratégico único abrangente, mas uma série de sistemas operando em diferentes níveis de estratégia de acordo com cada setor.

A figura 2 demonstra exemplos de ações que demonstram como algumas empresas utilizam sistemas estratégicos de informação para consolidar seus objetivos:

Figura 2 – Resumo do uso dos Sistemas Estratégicos de Informação para realização de ações estratégicas. Fonte O’BRIEN (2004, p. 42) com adaptações.

Está bem definido que as empresas usam sistemas estratégicos de informação para terem suporte à realização de suas metas. Porém, antes de decidirem sobre qual sistema utilizar, os administradores devem identificar os fatores críticos de sucesso da organização que devem receber o apoio de um sistema. Além do mais, como estes sistemas são constantemente projetados para aperfeiçoar a produtividade, métodos de medição do impacto dos sistemas sobre a produtividade devem ser projetados (STAIR, 1998, p. 44).

A qualidade é um aspecto que deve ser observado no uso de Sistemas Estratégicos de Informação, pois representa na capacidade de um produto/serviço de satisfazer ou exceder as expectativas dos clientes. De acordo com STAIR (1998), “a gestão da qualidade total consiste num conjunto de abordagens, ferramentas e técnicas que oferecem um compromisso de toda a organização com a qualidade”.

Quando tudo estiver operando e dando os resultados pretendidos, outro fator que representa mais um problema desafiador é a questão da maximização do retorno nos recursos de informação. No entanto, como tentativa de administrar os dados e informações, diversas empresas adotaram o gerenciamento de recursos de informação, ou seja, o responsável pelas informações trabalha em parceria com os funcionários que possuem nível alto na organização a fim de manipular e controlar os recursos totais da corporação.

Definindo e criando um plano, as empresas podem aprimorar seus meios para atingir seus objetivos, e nesse caso, faz-se necessário construir Sistemas Estratégicos de Informação que lhe dêem suporte à ação. Através de mudanças nos meios como são feitos os processos, as empresas terão uma posição que favoreça ter uma vantagem competitiva e atingir as metas corporativas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

O’BRIEN, James A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da Internet; tradução Célio Kinipel Moreira e Cid Knipel Moreira. 2ª ed. São Paulo, Saraiva, 2004.

STAIR, Ralph M. Princípios de Sistemas de Informação: Uma abordagem Gerencial; tradução Maria Lúcia lecker Vieira e Dalton Conde de Alencar; 2ª ed. Rio de Janeiro, LTC, 1998.

TURBAN, Efraim; RAINER JR, R. K.; POTTER, R. E.; Administração de Tecnologia da Informação: teoria e prática; tradução de Daniel Vieira; Rio de Janeiro, 2005, 2ª ed.