Tatiana Falcão de Souza Fernandes
A necessidade de se conhecer e criar novas tecnologias e práticas que promovam o desenvolvimento da sociedade da informação e o diferencial competitivo de empresas e organizações tem possibilitado a discussão acerca dos modelos de gestão. O modelo de gestão segundo Pereira e Santos (2001, p.47) “[...] consiste no corpo de conhecimentos compreendido como o conjunto de princípios, técnicas e explicações que orientam a concepção e o modo de funcionamento de todos os elementos constituintes de uma organização.”
Em empresas privadas, onde se vê com relativa freqüência a existência de uma política de gestão, no sentido desta política ser um elemento de composição da cultura organizacional. Embora os procedimentos dos modelos de gestão em organizações sociais sejam ainda pouco divulgados, considerando o número limitado de casos sistematizados e, respectivamente, disponibilizados para pesquisa. Neste sentido, pretendemos a partir deste artigo apresentar os elementos de gestão, os modelos de gestão empresarial e de gerenciamento da informação tomando como base os modelos de Prusak e Davenport, em seguida fazer uma análise comparativa dos modelos.
Elementos da Gestão
Considera-se relevante analisar a definição sobre o termo “gestão” para que os pressupostos presentes nas análises aqui expostas apresentem-se de forma o mais linear e clara possível. Partindo do pensamento de Freitas et. al(2002;p.02) Gestão, ou gerenciamento, pode ser definido como um conjunto de habilidades, técnicas e de relacionamento interpessoal necessárias para alcançar os objetivos definidos pela empresa.
Só nesta citação, pode-se compreender a dimensão do tema e perceber a necessidade de conhecer os elementos necessários para a referida ação, ou seja, identificar os elementos de gestão, os quais se configuram como todas as funções do administrador, que nos dizeres de LODI (1971) consistia nos elementos definidos por Fayol: planejamento, organização, direção e controle. Planejar era definido por Fayol como o exame do futuro e o desenvolvimento de um plano de ação. Organizar significava construir a estrutura material e humana do empreendimento. Comandar tinha o sentido de manter a atividade no pessoal, reunindo, unificando e harmonizando as atividades e esforços. Controlar era assegurar-se de que tudo ocorria em conformidade com a regra estabelecida e a ordem expressa.
Diante do exposto, é importante salientar que a base de todo planejamento são os objetivos a alcançar em uma organização e para que isso seja possível é necessário pensar em alguns elementos que CHIAVENATO (2000, p.196-197) define como desdobramentos:
· Políticas: São afirmações genéricas baseadas em objetivos organizacionais que funcionam com guias orientadores da ação administrativa. Proporcionam marcos ou limitações, embora flexíveis e elásticos, para demarcar as áreas dentro das quais a ação administrativa deverá desenvolver.
· Diretrizes: São princípios estabelecidos para possibilitar o alcance dos objetivos pretendidos. Como os objetivos são fins, as diretrizes servem para balizar os meios adequados para atingi-los e canalizar decisões.
· Metas: São os alvos a atingir em curto prazo.
· Programas: São as atividades seqüenciais necessárias para atingir uma meta. O alcance das metas é planejado por meio de programas. Os programas são planos específicos.
· Procedimentos: São os modos pelos quais os programas deverão ser executados ou realizados. Os procedimentos são planos que prescrevem a seqüência cronológica de tarefas específicas requeridas para realizar determinado trabalho.
· Métodos: São planos específicos para o desempenho de uma tarefa específica. O método detalha como trabalho deve ser realizado. Sua amplitude é mais restrita e limitada do que o procedimento. Os procedimentos e os métodos utilizam geralmente fluxogramas para representar a seqüência de tarefas ou operações.
· Normas: São regras ou regulamentos que cercam e asseguram os procedimentos. São comandos diretos e objetivos de cursos de ação a seguir. A regra é estabelecida para criar uniformidade de ação.
Modelos de Gestão Empresarial
Em termos práticos, os gestores devem compreender como se dá o processo de funcionamento das organizações a partir do conjunto de conhecimentos técnicos, explicações e princípios das mesmas, os modelos organizacionais promovem o direcionamento das ações do gestor em suas atividades, seja na correção ou melhoria dos processos organizacionais. Conforme BEUREN (2007, p.18): “O gestor, por meio de um modelo de organização, pode compreender melhor a estrutura e as relações complexas e, por conseqüência as mudanças a serem estudadas e implementadas na organização.”. Sendo assim, podemos afirmar que é essencial o entendimento de cada um dos modelos de gestão e a percepção de como eles se dão no dia-a-dia de uma organização, na medida em que são suficientes para o aprimoramento e eficácia da gestão de uma organização, pelo menos do ponto de vista da replicação e comunicação de seus valores, missão e práticas institucionais.
No início da década de 80, com a internacionalização e liberalização dos mercados, provocada pela globalização, surgiu a necessidade de mudança nas formas tradicionais e conseqüentemente aumento na competitividade das organizações. Segundo Tovar(2002, p.2) “As formas tradicionais de organização parece sobrecarregada com as novas exigências de flexibilidade e à emergência de novas tecnologias que exigem respostas imediatas.”
MODELO ORGANIZACIONAL |
CARACTERÍSTICAS
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Organização Adhocrática: os mecanismos básicos de coordenação são baseados em suas próprias configurações. Ao contrário de outras estruturas, a parte chave da organização está tanto no operacional e no administrativo statff( Assessoria). Este modelo é caracterizado por estruturas organizadas conter mecanismos de coordenação importantes. É a descentralização seletiva e especialização de posições horizontal. | · Apresenta-se como temporária, permitindo-lhe responder melhor a mudanças organizacionais, do ambiente e tecnológicas. · Os especialistas são aqueles que detêm o poder e, geralmente, são profissionais com habilidades escassas no mercado; · Normalmente, tendem a formar grupos de especialistas em equipes multidisciplinares formadas em torno de projetos específicos de inovação; · Desenvolver a inovação, mas também pode estar localizada fora dela. |
Organização Celular: como grupos unidades auto-dirigida ou autônoma que podem operar, isoladamente, como em conjunto com outros para criar top mecanismos negócio. Cada célula da organização tem a responsabilidade corporativa de toda a organização. O delegar a responsabilidade a cada célula é uma característica deste tipo de organização. | · Conhecimento tende a ser reunidos em grupos que giram em torno de um líder; · Reúne critérios para a identificação e distribuição do conhecimento. · A necessidade de coordenação com outras equipes ou células faz uma das habilidades básicas essas organizações são as colaborativas; · Para reforçar o comportamento desejável, cada célula é recompensada de acordo com seus resultados. |
Organização em Rede: nova forma de organização, surgiu a partir do aparecimento de novas tecnologias. A organização em rede significa uma quebrar paradigmas com principais pressupostos dos modelos clássicos de organização, onde poder e conflito estão relacionados à posição de recursos e a hierarquia de gestão para garantir cumprimento dos objetivos da organização. | · São organizações que têm limites internos e externos a outras organizações; · A autoridade é baseada mais em experiência e na capacidade de informar cada nó na faixa que ocupam na estrutura hierárquica, para fins quase inexistentes; · Comunicação ocorre sem intermediários, pois se baseia tecnologia da informação e nos fluxos de papelada burocrática; |
A organização virtual é uma rede temporal de organizações independentes, ligados pela tecnologia de informações para compartilhar riscos, custos e acesso a outros mercados. As organizações se unem rapidamente para explorar uma oportunidade específica, e depois se dispersam "
| · As organizações virtuais são tecnologias suportadas em informação; · São organizações independentes onde a base de colaboração é a confiança; · Não precisam localização física, mas é potencialmente presente; · Pretende-se explorar as oportunidades mercado como eles normalmente existem. |
Fonte: Elaboração própria, 2011.[1]
Modelo de Gestão da Informação de Prusak
O autor apresenta as tarefas de gerenciamento da Informação, a partir de sete etapas, que quando realizadas conforme indicado no modelo, resultará na análise e uso da informação.
Fonte: Prusak(1994, p.108)
Modelo de Gestão da Informação de Davenport
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Fonte: Davenport (1998, p.172)
Ao analisar os dois modelos de gestão da informação elaborados por Prusak (1994) e Davenport (2002), foi possível identificar que o modelo de gestão da informação de Prusak, apresenta uma forma mais detalhada de trabalhar a informação. Na medida em que podemos perceber algumas etapas do seu modelo inseridas em apenas uma etapa do modelo de Davenport, a exemplo da Identificação de Necessidades e Requisitos de Informação, Coleta/Entrada de Informação, traduz em apenas um item do modelo elaborado por Davenport, o qual nomeia de Determinação das exigências. Enquanto a Classificação e armazenamento da Informação. As referidas etapas consistem em transformar as informações mais estratégicas para os usuários partindo do princípio que é fundamental atender as demandas dos mesmos para potencializar a eficácia do processo nos modelos de gestão supracitados.
Nas etapas subseqüentes podemos identificar que é a partir do tratamento e da classificação da informação que ocorre o processo de obtenção da informação, assim observamos que os dois modelos se configuram em um mesmo processo que finaliza na distribuição, análise e uso da informação.
Os dois modelos de gestão da informação enfatizam a necessidade do usuário para que a partir dela sejam trabalhadas todas as etapas do processo com foco no resultado final, utilização e análise da informação.
No quadro 1 é apresentado uma análise comparativa dos modelos de Gestão da Informação de McGee e Prusak(1994) e Davenport(2002)
Modelo de GI de Mec Gee e Prusak(1994) | Modelo de GI de Davenport(2002) | Análise comparativa dos modelos McGee e Prusak e Davenport |
Identificação de necessidades e requisitos de informação | Determinação de exigências de informação | · McGee e Prusak abordam o aspecto físico da Informação com enfoque no usuário (não especifica que tipo de usuário). Busca formas para tornar a informação mais estratégica. · Enquanto que Davenport procura identificar a percepção do ambiente funcional dos gerentes e dos funcionários, para entender os princípios das tarefas administrativas e as necessidades informacionais. O que conseqüentemente resultará na identificação da informação estruturada e não-estruturada, a formal e a informal, a não-computadorizada e a computadorizada.
- Percebe-se nesta análise uma distinção nos descritores utilizados pelos autores para mencionar o processo. |
Aquisição e coleta de informação | Obtenção da Informação | · McGee e Prusak afirmam que esta etapa requer uma estrutura formal ou informal, identificação e compreensão de informações para sua extração/ coleta de sua fonte de origem ou de um banco de dados. · Davenport na obtenção de informações faz a junção das tarefas seguinte do modelo de Mec Gee e Prusak: classificação, armazenamento, tratamento e apresentação da informação, a partir da: - exploração do ambiente informacional; - - classificação da informação em uma estrutura pertinente; - formatação e estruturação das informações.
- Nota-se um maior detalhamento no modelo de McGee e Prusak quanto as tarefas de GI, enquanto estes apresentam sete etapas o de Davenport apresenta apenas quatro, apesar de contemplar todas as etapas do modelo de McGee e Prusak. |
Classificação, armazenamento, tratamento e apresentação da Informação da informação | Obtenção da Informação | · McGee e Prusak apresentam que a classificação poderá ser realizada de diversas maneiras, as quais poderão ser mais facilmente acessadas pelos usuários, colocando este como foco para classificação. Porém, diz que deve ser feita de modo seletivo. · Davemport estabelecer que as categorias devam ser MECE: 'Mutuamente Exclusivas, Coletivamente Exaustivas'. Menciona que a classificação permanece essencialmente uma atividade humana. Deste modo, apresenta algumas questões básicas para tomar decisões apropriadas sobre como a informação é classificada e armazenada. - No modelo de McGee e Prusak percebe-se a preocupação de colocar o usuário como foco para classificação, enquanto que Davenport enfoca a subjetividade da classificação e assim para atenuar esta situação, sugere algumas questões básicas para o processo de classificação para atender as necessidades do usuário, apesar de não mencioná-lo como fazem McGee e Prusak. |
Desenvolvimento de produtos e serviços de informação | Obtenção da Informação | · McGee e Prusak enfocam o recurso humano como elemento diferencial na projeção e implantação de sistemas de informações em empresas. · O autor menciona a importância do conhecimento e da experiência dos profissionais de informação resultará em produtos e serviços de informação mais eficientes para execução da estratégia organizacional.
- O modelo de Davenport não menciona o desenvolvimento e produto de informação. |
Distribuição e disseminação da Informação | Distribuição da Informação | · Nesta fase, McGee e Prusak mencionam o valor da comunicação com os usuários da informação, para o desenvolvimento de sistemas de acordo com a realidade da empresa. · Davenport aborda algumas maneiras pragmáticas de aperfeiçoar esse passo por meio do uso de: ▫ Estimativas ▫ Ações simbólicas, contextos institucionais corretos e incorporação ▫ Do uso da informação nas avaliações de desempenho. |
Análise e uso da Informação | Utilização da Informação |
Fonte: Elaboração própria, 2011.
Diante do exposto, a Gestão da Informação a partir dos modelos gerenciais, permite a produção de informação estratégica para o aumento da competitividade por meio da potencialização da eficiência e eficácia nos processos a partir do gerenciamento estratégico da Informação, sobretudo para o aumento da lucratividade, competitividade, e perenidade no mercado com base no valor da informação.
REFERÊNCIAS
BEUREN, Ilse Maria. Gerenciamento da Informação: um recurso estratégico no processo de gestão empresarial. 1. Ed. – 4. Reimpr. São Paulo: Atlas, 2007.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. 6 Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
FREITAS, Sydney Fernandes de; COSTA Filho, Gelson da; SCHOENACHER, Rodrigo Perfil da produção intelectual sobre gestão em design, 2002.
Disponível em: http://webmail.faac.unesp.br/~paula/Paula/perfil.pdf
Acesso em:28/09/2011.
LODI, João Bosco. História da Administração. 1. Ed. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1971.
PEREIRA, Maria Isabel; SANTOS, Silvio Aparecido dos. Modelos de Gestão: uma análise conceitual. São Paulo: Pioneira, 2001.
TOVAR, Luis Arturo Rivas. Nuevas Formas de Organización. Estudios Gerenciales. Revista de La Faculdad de Ciências Adminsitrativas y Económicas. ( Nº.82. jan-mar) Universidad ICESI Colombia, 2002. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/pdf/212/21208201.pdf.
Acesso: 26/09/2011.
PRUSAK, Laurence; MCGEE, James. Gerenciamento estratégico da informação: aumente a competitividade e a eficiência da sua empresa utilizando a informação como uma ferramenta estratégica. Tradução Astrid Beatriz de Figueiredo. Rio de Janeiro: Elsevier, 1994.
Rosenberg, Felix; Cohen, Mirian Miranda; Lima, Juliano. A Adhocracia como Projeto Organizacional para a Inovação Científica e Tecnológica na Fiocruz, 2008.
Disponível em: http://www.fiocruz.br/diplan/media/nd/diplan_abipti_2008.pdf. Acesso em:
Mintzberg, H. Criando organizações eficazes: estruturas em cinco configurações. São Paulo:
Atlas, 2003.
[1] Quadro elaborado a partir do pensamento de(Byrne2007;Mintzberg 2003; Cohen;2008; Tovar;2002)